terça-feira, 5 de junho de 2007

Metade

Que a força do medo que tenho
Não me empeça de ver o que ancei
Que a morte de tudo de que eu acredito não me tape os houvidos e a boca

Por que metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silencio

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristesa
Por que metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor, apenas respeitadas.
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos

Por que metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é a que calo

Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço
E que essa tensão que me corroi por dentro seja um dia recompensada

Por que metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância

Por que metade de mim é a lembrança do que fui
Mas a outra metade eu não sei

Que não seja presciso mais que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada veiz mais

Por que metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
Que ninguém atente complicar porque é presciso simplicidade para fazê-la florescer

Por que metade de mim é platéia
Mas a outra metade é canção

E que a minha loucura seja perdoada
Por que metade de mim é amor
E a outra metade também

Um comentário:

cliffzera disse...

Que legal! você também tem blog, mas é um poco depressivo às vezes.
Beijo.